13/12/2016 0 Comentários Artes durante o RegimeA opressão durante a Ditadura Militar foi imensa, atingido e marcando a memória de muitas pessoas. Assim como a maior parte da população, muitos artistas e suas obras também foram oprimidas pelos militares durante o período Militar, de 1964 até 1985. Artistas criticavam a censura e o regime por meio de arte e humor. Porém em 1968, o ano se agitou, militares começaram a ameaçar e até mesmo atacar manifestações artísticas. Com a implantação do AI-5, Ato Institucional 5, as manifestações diminuíram drasticamente, mas não foram extintas. Pintores, cantores, atores, jornalistas e escritores. Aproximadamente 500 filmes, 450 peças teatrais, 200 livros, mais de 500 músicas foram censurados, além das novelas e jornais. Obras que criticavam o governo, problemas sociais e que afetavam a “moral e os bons costumes” eram reprovadas e só seriam publicadas caso fossem refeitas, caso ao contrário, seriam descartadas na hora.
Cantores muito conhecidos como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Rita Lee e Tom Zé tiveram suas obras censuradas. Músicas com metáforas, palavras/frases de duplo sentido eram muito comuns, uma das mais famosas é a música Cálice de Chico Buarque e Milton Nascimento. A palavra ‘cálice’ é usada inúmeras vezes tanto com seu próprio sentido, mas também como cale-se: “Pai, afasta de mim esse cálice”. Outra obra censurada de Chico Buarque foi a música Apesar de Você, no começo a desculpa de Buarque de que era apenas sobre uma briga de casal foi aceita, porém algum tempo depois foi banida de tocar nas rádios. Para Não Dizer Que Não Falei das Flores de Geraldo Vandré, foi outra música que fora censurada. A canção se tornou um hino contra a ditadura após ser tocada no Festival de Música Brasileira de 1968, mas foi rapidamente proibida por motivos de conteúdos subversivos nos quais incentivavam a população a manifestar. Logo após, o autor Geraldo Vandré foi exilado do Brasil. No cinema as coisas não foram muito diferentes. Os cinemas eram apoiados financeiramente pelo Estado autoritário, no qual na época praticava a censura. O que fez com que a indústria cultural brasileira sofresse em diversas áreas como o impedimento a produção de filmes e a criação de obras com grande produção técnica. O cinema havia conseguido um reconhecimento inédito para o cinema brasileiro, consagrado em festivais considerados artísticos, como Veneza e Cannes. O Estado dominado pelos militares, por sua vez, sabia que não podia sufocar completamente o cinema brasileiro, já cercado pela grande indústria de Hollywood, que dominava o mercado. Era preciso apoiar a indústria do cinema, sempre evitando que ela radicalizasse suas críticas ao regime. Para isso mesmo é que havia a censura. Os impasses sobre como falar do processo de modernização e de experiência autoritária pelo qual passava o Brasil foram radicalizados pelo chamado “Cinema Marginal”. Os marcos dessa tendência foram os filmes O Bandido da Luz Vermelha de Rogério Sganzerla, Matou a Família e foi ao Cinema de Júlio Bressane e A Margem de Ozualdo Candeias. Nesses filmes, a linguagem do humor era utilizada como base para falar sobre o período no Brasil, considerado um país absurdo, sem perspectivas políticas e culturais. Nesses, não havia personagens heroicos ou dignos, todos pareciam impostores e alucinados. Na literatura tiveram centenas de livros censurados, entre eles Feliz Ano Novo de Rubem Fonseca. O livro foi analisado por um homem que assina como Raymundo de Mesquita. Ele argumenta que “o presente livro publicado pela Editora Artenova retrata, em quase sua totalidade, personagens portadores de complexos, vícios e taras com o objetivo de enfocar a face obscura da sociedade na prática da delinquência, suborno, latrocínio e homicídio, sem qualquer referência a sanções” o que causou a censura do então livro. Diversos outros livros como Zero de Ignácio de Loyola Brandão, Dez Estórias Imorais de Aguinaldo Silva, Copacabana Posto 6 e As Traças de Cassandra Rios e entre muitos outros, estão reunidas no livro onde conta sobre as obras literárias censuradas durante o período, Repressão e Resistência – Censura a Livros na Ditadura Militar. Podemos ver que mesmo com muita censura, exílios e torturas, os artistas continuavam a se arriscar para expor suas opiniões sobre a política. A arte era uma das únicas formas que achavam para se expressar durante o período e acabavam muitas vezes sofrendo graves consequências por isso.
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AutorMorgana Zuliano |